22 de fevereiro de 2013

O verdadeiro segredo atrás da luva

Estou com o objetivo de fazer alguns textos que esclareçam os mistérios escondidos nas figuras simbólicas e imagens de Lagoena. Na postagem anterior divaguei sobre o significado da palavra LAGOENA, que leva o título da obra. Agora vou introduzir os principais personagens do livro, esclarecer um pouco sobre sua origem, personalidade e função. Vou começar com a principal protagonista da história: Rheita, a Pequena Guardiã.


Foi uma das primeiras personagens que criei, ou melhor, surgiu na minha mente ao lado do velho avô e do vilão. E como todo começo, eu não tinha total consciência sobre quais veredas Rheita caminharia, isso foi muito depois de eu encontrar um nome para personagem. Muitos antes de escrever, eu gostava de bisbilhotar um livro de astronomia do meu pai, acho que comprado no final da década de 70. É um guia planetário totalmente desatualizado, para você ter uma ideia, Plutão ainda era considerado um planeta. Era um pequeno atlas básico, com informações primárias, mas o que eu mais gostava de ler eram os nomes, sim, os nomes das constelações,estrelas, planetas, nebulosas,etc.. Em particular, o que eu mais gostava era o glossário de nomes dos relevos da Lua. Alí, sim, havia nomes fabulosos! Rheita era um dos últimos nomes da lista, o nome de um vale da Lua. Sei que o nome diz muito sobre a personagem, por isso deve se cuidadosamente escolhido e estudado, na época, como principiante da arte escrita minha simpatia pelo nome gritou mais alto. Hoje, quase 7 anos depois, mesmo mais consciente de minhas falhas e acertos, não mudaria o nome de Rheita, como fiz com outras personagens (explico em outra postagem). A protagonista já absorveu o próprio nome e história se incumbiu naturalmente de torná-lo mais forte.

 DevianArt by Deejay Wolf


Rheita é apresentava como uma menina aparentemente mais nova para sua idade, 10 anos. Comparada as outras, era menor, mais magra e sem nenhum vestígio de começo de uma pré-adolescência. Os cabelos negros e longos, sempre presos em duas tranças. A pele tão branca como o leite ou a Lua. A feição infantil, seu porte delicado e a brancura de sua pele são características que tornam a personagem visualmente frágil, mas não como se estivesse doente. O jogo em questão era fazer com quem subestimassem Rheita, tanto os personagens antagonistas, quanto os leitores.

De princípio há quem duvide sobre ousadia e coragem da menina, mas Rheita vai provando que é esperta demais para seu "tamanho e idade". A personalidade dela (curiosa, inteligente, doce, atenciosa, inocente, preocupada) foi moldada para que conseguisse desembaraçar todos os nós da trama e seu eu gira em torno do mistério que escondido sob a luva. A marca do "S" foi uma ideia que imperou desde o princípio. Gostaria que minha personagem principal carregasse algum tipo de estigma que revelava seu "dom", mas que essa verdade fosse escondida dela. A ideia do "S" surgiu de uma brincadeira que eu fazia quando me entediava nas aulas (aqui eu estava no Ensino Fundamental II, popular Ginásio), ficava rabiscando qualquer espaço em branco que via na frente,  nos cadernos ou apostilas. Anos depois descobri que poderia usar aquele rabisco com algum próposito.

Antes de chegar a essa conclusão eu tinha pensando em várias figuras diferentes, um dragão, estrelas, uma lua crescente,etc. Mas era previsível demais, então acabei resgatando a ideia do "S" e atribui a ele um significado que fosse coerente com a ideia do livro. Então, Rheita teria uma marca na palma da mão e seu mistério seria desconhecido. No mesmo período que comecei a escrever a história tive a oportunidade de ler Eragon e para minha surpresa, o personagem principal da saga também carregaria uma marca na mão após tocar o ovo de um dragão, com isso Eragon também adquiriu poderes mágicos (não lembro bem, faz muito tempo que li). Há muitas histórias sobre insígnias, seus poderes e significados, resolvi levar o mistério do "S" em diante, mesmo sabendo que um dia alguém iria dizer que eu tirei a ideia da marca do livro do Paoline (isso já aconteceu). 

O "S" do Guardião, 2006


 O "S" não concedeu poderes sobrenaturais a Rheita. Eu queria fugir desse estereótipo, ela seria humana o suficiente para superar seus obstáculos durante o trajeto de sua aventura.  O avô teve o papel importante de esconder o segredo da marca, educando-a usar uma luva. Para ele seria perigoso Rheita conhecer  a verdade (ou o que os outros poderiam fazer com essa verdade), que o "S" que carregava era a lembrança viva de uma lenda, Rheita era uma Guardiã, uma personagem real de uma fábula que persistia na memória do povo local.

A luva tem um importante valor simbólico, apesar de esconder apenas mão direita de Rheita, é como se fosse uma sombra que a escondesse do mundo. A luva a lembrava de não ter amigos, de não ter conhecido os pais, de ser só. A luva era uma prisão, era o pré-conceito das pessoas na rua quando a viram pela vez. A luva a impedia de conhecer si mesma. Mas as qualidades que Rheita carrega no coração a faz superar tudo de forma tão natural que mal consegue perceber o feito.

Não vou relevar o que significa do "S", quem um dia for ler LAGOENA ou já leu vai entender o que estou dizendo. Foi seguindo seu verdadeiro instindo que Rheita alcançou seu final feliz. Ela escutou o coração para atender seu desejo. Foi prestando atenção na voz do seu íntimo que Rheita conseguiu responder corretamente os enigmas do Mapa Mágico (assunto para outro post).

Mais tarde, Rheita descobre que é a única que pode salvar uma terra misteriosa da destruição. O mapa é seu único guia e somente ela é capaz de interpretá-lo. O destino, efim, a chama e ela tem a oportunidade de desbravar um mundo desconhecido a procura de tesouros, além de ter a esperança de encontrar o pai desaparecido.


Este é meu rebisco de Rheita. Coisa simples, caseira.


Abaixo segue a ilustração oficial de Rheita, feita pela designer Celtic Botan que já fez trabalhos para alguns autores como Bento de Luca e Kizzy Ysatis.



Fevereiro/ 2013

Bom, espero que tenham gostado da apresentação. Para mim foi uma boa surpresa ter conseguido que Rheita cativasse o leitor, fiquei sabendo pelo feedback de alguns blogueiros e espero que ela continue assim, convidando as pessoas para viver uma fantástica aventura.

Até a próxima!


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